segunda-feira, 6 de abril de 2009

II

Há tempos os dias não mais me inspiram,
Hoje somente inspiro,
E transpiro...
Sequer mais respiro.

Talvez na infância ainda me inspirassem os dias...
Naqueles tempos em que tudo era menos cruel,
Onde o azul, ainda era o azul do céu,
E que de nada eu sabia.

A inconsciência não atrapalhava então,
Até ajudava...
Ficavam somente as lembranças dos domingos no sítio,
E da lenha a arder no fogão.

Lembranças da comida posta à mesa,
Dos nossos passos de crianças a correr, a galopar,
Do tira gosto e da cerveja,
Do feijão.

Mas hoje não,
Hoje a consciência atrapalha,
Pois sei que o mundo é cão
E meus dias são apenas fogo de palha...

Pois duram o tempo de um suspiro...
E não mais me inspiram,
São apenas um breve vazio
No qual me esvazio.