quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Cotidiano

Todos os dias faziam a mesma coisa.
Aos primeiros sinais da aurora, despertavam. Ela preparava-lhe o café, enquanto ele preparava-se para ir buscar mais um dia. Sentavam juntos à mesa. Ele a olhava, intensamente, como se a visse pela primeira vez; ela disfarçava o momento, despretensiosamente, mas sentia gelada a espinha com aquele olhar, sempre, como se fosse a primeira vez que o recebia. Ela sempre lhe abria um lindo sorriso, e ele, carinhosamente, retribuía-lhe, e, em seguida dava-lhe um beijo e dizia que a amava. Ele sempre levantava da mesa, limpava a boca, dava à amada mais um, beijo, pegava seu chapéu e saia porta a fora, fizesse chuva, fizesse sol. Ela, quando sentia o suave bater da porta no momento de sua saída, suspirava, e por um breve instante se entristecia pois a distância, além de ser uma fronteira física, é uma fronteira psicológica.
Porém, logo voltava a si, e arrumava a mesa do café. Lavava as loiças, depois as punhas a secar. Enquanto as gotas d água calmamente escorriam, ela colocava lenha no antigo fogão que seu amado, religiosamente, trazia sempre ao final da tarde para o uso do dia seguinte.
Quando suficiente era a lenha para o almoço, ela riscava o fósforo e acendia o fogo. Aquela chama, naqueles dias frios e húmidos tinha duas serventias, a primeira era para preparar o comer, e a segunda para aquecer a moradia e assim aconchegar os corpos. Ela, sempre enquanto o fogo ainda não atingia sua extensão ideal, retirava para si uma chávena de café que havia sobrado da refeição matutina e sentava-se junto à janela.
Sentia-se só.
Olhava para fora, para a paisagem circundante, e lá estava em seu peito aquele vazio incomodo, aquela quase dor, a humedecer seus olhos. Sentia há tempos um grande desconforto por ficar tão sozinha. Não tinham filhos, nem planos para os ter.
Despertou.
A chama que aquecia a comida e o lar fazia a madeira estalar.
Ela então passeou os olhos pela última vez para fora da janela e reparou que naquele dia, a chuva caia fortemente sobre as poucas flores que restavam em seu jardim. Sentia falta dos dias de verão.
Instantes depois, abria-se a porta.
Era seu amado, encharcado. Não havia condições de se trabalhar com toda aquela chuva, a lavoura não permitia. Ela, temerosa pela saúde do amado foi depressa buscar ao quarto uma toalha para secar-lhe enquanto ele batia as botas sujas de barro junto à porta. Ela, ao voltar do quarto, carinhosamente encobriu-lhe com a toalha seca. Ele virou-se, segurou-lhe fortemente as mãos, olhou-a dentro de seus olhos, sorriu-lhe e agradeceu-lhe por tudo. Beijaram-se.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Meus sentidos já não sentem mais...

Nestes dias quentes de verão
Ficam embriagados pela razão,

Então nada me resta
Senão pensar,
E deixar-me vagar neste paralelo da sensação,

E Argumentar comigo mesmo
Na tentativa de dispersar a minha atenção

E abrir meu fechado leque de alternativas,
A maioria delas perdidas, esquecidas...
Reminiscências dos tempos em que ainda sentia.

E ter que viver com este peso racional ,
Para sempre !

Até o dia em possas tu libertar-me
Deste emaranhado,

E levar-me de volta para meu paraíso sentimental,
Aquele,
O qual sufoquei com minha vazia ânsia existencial

Paraíso que me falta diariamente,
Como a terra falta à semente...

domingo, 22 de novembro de 2009


Poemas de Amor III

Procuro em esparsos versos algo para recitar-te,
Mas não encontro.
Não há versos que dizem o que quero dizer-te,
Não existem versos que sentem o que eu sinto por ti.

Então escrevo,
Não por mim, mas por ti.
Para ti.

E assim tento, por versos,
Dizer-te que te amo,
Ou como te amo
E que sofro...

Mas quase sempre em vão,
Pois assim também não consigo expressar-me,
Não se consegue escrever o sentimento...

Então sinto,
E amo-te.

sábado, 21 de novembro de 2009

Escancarei a porta da minha alma,
Estuprei a minha razão,
Me perdi na escuridão,
E agora vago, errante, inócuo e distante.

Errado, atormentado,
Cansado de tentar ser,
Saí de mim e não quero mais voltar,
Quero aonde me perdi estar,
Ficar.

O sofrer já é meu prato de comida
E nele sacio minha existência vazia,
Perdida.

Esse é o grito que transborda a minha alma agora,
Não consegui estancar, sufocar,
Nada me resta senão gritar,
Me salvar.

Rascunhos

Nesta minha existência permeada por vazios,
Lacunas, hiatos, desfiladeiros, abismos,
Precipícios, bifurcações, trifurcações...
Vem mesmo a calhar a aurora,

Pois neste momento, quando olho e nada vejo,
Penso em esquecer,
Mas na verdade somente quero lembrar,
Eu quero ver!

E sinto que a Hora nunca é minha,
É sempre de outrem.
Vejo os dias passarem a além,
E sofro por não ter ninguém,

Alguém,
Que pudesse ouvir meu choro escondido,
E que me lembrasse estar eu ainda vivo.

Talvez seja este mesmo o meu destino,
Talvez seja isto que eu deveria ver,
E crer.

Mas sou humano demais,
Não consigo ver e crer ser meu fardo assim,
Tão pesado...
A solidão é um estado que me incomoda,
E eu já não sinto nada agora...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poemas de Amor II

Vejo um resto de pier numa vaga lembrança dentro de mim.
Era apenas o resto de qualquer coisa bela.
Beleza que é efémera,
O que não é?

Minha memória anda desperta demais,
Relembro sem lembrar de ter esquecido.

Mas lembro-me sempre de ti,
E hoje vejo- te aqui,
Junto a mim, a todo o instante,
E somente esqueço que outrora não te conheci,
Mas isso é dentro de mim...

Sei que um dia hei de lembrar quem fui antes de ti,
Pois viver é também ter que morrer...

Ideal seria sofrer sem lembrar
E amar sem esquecer.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Poemas de Amor

Nos verdes campos do sul,
Vejo-te só, a volver para casa
E a caminhar, livre,
Por entre as mais belas flores.

Trazes contigo todo um dia de colheita,
De lembranças,
De tristezas.

Mas o quente sol do fim de tarde faz brilhar ainda mais o teu sorriso,
E a leve brisa que por ti passa,
Leva o suor da tua testa,
Faz bailar os teus longos cabelos,
E traz-te para junto de mim.

Neste instante,
Olho-te,
E sinto-me ofegante...
Tremo.

Teus verdes olhos refletem toda a imensidão do meu sentir,
E em ti, perco-me...
Encontro-me...
Amo-te.

E quero colher as outras flores do campo ao teu lado,
E às tardes volver à casa contigo,
Somente para ao teu lado estar,
Pois as mais belas flores colheste-as tu.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

IV

E sentir,
Sentir como respirar
E viver,
E sonhar, e amar.

Ter ao lado da razão a paixão,
E ter ao lado da luz a escuridão,
E sentir os dois,
Agora!
Não depois!

Sentir o amor que me rasga o peito,
E que me confina junto ao teu seio.
E que me traz a morfina...

E nada mais...
Apenas o silêncio errante,
De um amor (in)constante.

Espera!
Apenas um beijo mais
E levo-te para o sempre,
O meu sempre,
Onde há dor de amor,
Risos e lágrimas
E versos com rimas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

III

Perdi minhas palavras,
Minhas escritas...
Talvez elas andem por aí,
Neste espaço vazio que existe entre nós,
Que existe em mim.

Ou então estão no futuro,
À espera de serem trazidas de volta,
Para no presente estar, connosco,
E fazerem algum sentido agora.

Podem estar também no passado,
Sendo condenadas, almadiçoadas,
Queimadas...

Mas o mais provável é que tenham desaparecido,
Meu vazio é extenso e profundo demais...

Quando desaparece algo meu em mim, já nada mais sinto,
E somente percebo que isso já não tenho quando isso tento achar,
E esta é a minha dor,
Não mais ter o que é meu,
Perder quem sou eu.

Mas esta dor acaba por ser também passageira,
Pois também ela cai no vazio,
E então já não mais faz parte de mim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

II

Há tempos os dias não mais me inspiram,
Hoje somente inspiro,
E transpiro...
Sequer mais respiro.

Talvez na infância ainda me inspirassem os dias...
Naqueles tempos em que tudo era menos cruel,
Onde o azul, ainda era o azul do céu,
E que de nada eu sabia.

A inconsciência não atrapalhava então,
Até ajudava...
Ficavam somente as lembranças dos domingos no sítio,
E da lenha a arder no fogão.

Lembranças da comida posta à mesa,
Dos nossos passos de crianças a correr, a galopar,
Do tira gosto e da cerveja,
Do feijão.

Mas hoje não,
Hoje a consciência atrapalha,
Pois sei que o mundo é cão
E meus dias são apenas fogo de palha...

Pois duram o tempo de um suspiro...
E não mais me inspiram,
São apenas um breve vazio
No qual me esvazio.

segunda-feira, 30 de março de 2009

I

Toda a insensatez do mundo me faz rir
E do meu riso caem tantas lágrimas
Que já não sei se é riso isto que sai de mim.
Deve ser a angústia de ser no meio disto tudo...
A minha existência é um sorriso com lágrimas,
E algumas lágrimas permeadas por alguns sorrisos
Amarelos, assim, meio tristes...
Na verdade,
Talvez não haja verdade...
O que há agora sou eu,
E tu.
E nós!
E só, é tudo
E basta!
E se houver uma verdade
Quero uma verdade que seja virgem,
Intocada...
Calada!
Quero a verdade que nasceu comigo,
E que nasce todos os dias em que desperto...
E que vai morrer comigo...
E que morre todos os dias em que morro também.
Quero apenas o que eu perdi por ai
Tentando me encontrar
Aqui, aí, ali, acolá...
Em todo o lugar.

domingo, 29 de março de 2009

Nesta minha existência permeada por vazios,
Lacunas, hiatos, desfiladeiros, abismos,
Precipícios, bifurcações, trifurcações...
Vem mesmo a calhar a aurora,

Pois neste momento, quando olho e nada vejo,
Penso em esquecer,
Mas na verdade somente quero lembrar,
Eu quero ver!

E sinto que a Hora nunca é minha,
É sempre de outrem.
Vejo os dias passarem a além,
E sofro por não ter ninguém,

Alguém,
Que pudesse ouvir meu choro escondido,
E que me lembrasse estar eu ainda vivo.

Talvez seja este mesmo o meu destino,
Talvez seja isto que eu deveria ver,
E crer.

Mas sou humano demais,
Não consigo ver e crer ser meu fardo assim,
Tão pesado...
A solidão é um estado que me incomoda,
E eu já não sinto nada agora...

sábado, 28 de março de 2009

Diz-me Se Aprovas

Quando eu for alguém melhor
vais a tempo de me avisar
quando eu for digno de te ouvir
aproveita pra dizer
quais os passos que devo dar
se eu não for capaz de o ser
desiste

as minhas provas
que tu reprovas
são novas provas
que tu aprovas
todas as provas
que tu aprovas
calam as provas
que tu reprovas

são só ideias
e as suas teias
são só desejos
nas nossas veias
nossos receios
e suas sobras
são nossas provas
diz-me se aprovas

(Manel Cruz)

domingo, 22 de março de 2009

Bala Perdida











Eis-me aqui de novo...
Bato á porta do desespero...
Na hora negra,a desilusão e frustração alimentam-me... as forças fogem-me por entre os dedos dormentes, a espada cai, a batalha perde-se.
Forço-me á clausura de mim... um grito mudo, agudo e dilacerante, corta-me em mil pedaços, fragmentos estilhaçados, ensanguentados...
Sombra funesta, pássaro ferido,colhido... trespassado de lado a lado pela bala perdida entre a inocência do sonho e a acidez da rejeição.
Num vôo picado,descontrolado... a dureza da queda.
Aterro num tombo,sêco.
De volta á frieza segura do chão.

O Reino do Rei

Certa vez, em um distante Reino, em remotos tempos, uma conspiração fora tramada contra o Rei do Reino.

Num dia em que o calor era tão sufocante quanto é uma corda no pescoço de um condenado no dia do seu estrangulamento, dissera, dissimuladamente ao Monarca, em conversa particular, um de seus mais leais assessores, que a população do Reino encontrava-se incipientemente revoltosa por conta de seus (in) comuns mandos e desmandos e, que incandescido, este sofrido povo que assistia a todos estes desvarios de consciência real às claras vias, em plena luz do dia, não toleraria mais nenhum outro decreto lunático que afectasse o viver.

Afirmou, o até então leal lacaio, não informado por um não informante que, caso houvesse mais uma absurda ordem por parte de Vossa Realeza, toda a população boicotaria seus afazeres diários, levando assim o Reino à total ruptura.

O Rei, ao saber da maliciosa notícia, viveu em fúria aquele momento; ao avesso, com os olhos bem vermelhos e bastante esbugalhados, esbravejava loucamente, socava fortemente a grande e central mesa de carvalho e uivava de raiva, rogava pragas a tudo e ainda jurava de sangue todos seus inimigos. Babava ódio, e quase sem se notar, segurava com tamanha força o pescoço de seu até então leal servidor, que este ser, que naquela hora estava apenas semi-vivo, começava a parecer-se com uma típica beterraba roxa, oriunda do norte europeu.

O Rei do Reino, não admitia, melhor, não concebia a ideia de traição por parte dos seus, aqueles a quem ele dedicara toda uma vida de árduo labor monárquico, mesmo que por vezes lhe faltasse a tal lucidez de um grande monarca - sabia disso - mas para o Rei, essa traição era a maior traição que se podia receber! Era como a traição de um amor, era um desamor.

Dissera esta frase aos mais altos berros, do lado de fora de seus aposentos, na sua varanda real, para todos os que quisessem ouvir e para todos os que não quisessem...

O até então leal lacaio, naquele exacto momento regojizava-se, mesquinha e privadamente de sua vil astúcia, pois tinha feito o Rei do Reino crer absolutamente que seus súbditos o trairiam ao tempo de seu primeiro contestável decreto, levando assim o Reino ao caos.

(Continua)



quarta-feira, 18 de março de 2009

Preciso Me Encontrar...

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar…

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver…

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar…

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar…


(Cartola/Candeia)

terça-feira, 17 de março de 2009

Recomenda-se


UM POUCO DE MORTE

Género: Poesia
Autor: António Quadros Ferro
Edição: Lisboa, Fevereiro de 2009
Tiragem: 150 Exemplares
Paginação e Composição:Pedro Botelho
Capa: Fotografia de Jaime Azevedo Pereira (Açores, Setembro de 1958)
Impressão: RicSil - Artes Gráficas
Formato e acabamento:130x180 mm, Edição Brochada
Depósito Legal: 289541/09

umpoucodemorte@gmail.com


Um Pouco de Morte

O livro Um Pouco de Morte de António Quadros Ferro (Lisboa, 1983) está à venda em Lisboa nas livrarias Artes e Letras, Poesia Incompleta, Letra Livre e Trama e no Porto na Livraria Gato Vadio. Preço de capa: 9 euros

sábado, 14 de março de 2009

Sonhador

Começava a ficar escuro, já não se via o sol, era crepúsculo. Enquanto desabava toda aquela chuva, ele estava lá, à minha espera, sozinho em meio a um descampado, firme, convicto, resoluto. Não pestanejava com os clarões dos raios ou mesmo com os estrondos dos trovões... eu senti. Fui ao seu encontro, a cada passo que dava em sua direção, mais forte caia a chuva, mais perto caiam os raios e mais ensurdecedores eram os sons dos trovões. Somente senti pânico, estremeci por completo, e a cada trovoada quase que gritava de pavor, queria gritar, não conseguia, apenas tremia. O ambiente era amedrontrador. Os fortes clarões dos raios serviam apenas para ver melhor a extensão do meu medo, a olhar-me nos olhos. Ele sequer manifestava-se, sequer tentava, não precisava, estava claro. Estávamos frente a frente, olhei-o em seus olhos; fundos, sombrios...inanimados, não havia qualquer tipo de expressão em sua face, estava muda. Não lhe disse nada, não consegui...minha garganta estava tão seca que sentia dificuldade para engolir o que restava do meu orgulho...virei-lhe as costas e corri, corri como nunca, corri para sempre...e chorava, gritava, e corria mais. Sem saber para onde, sem saber o por que, naquele momento apenas corria, levava o tempo comigo. Acordei.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Coisas

Todas as coisas carregam um traço sutil,
O céu, um azul anil,
Eu, uma existência pueril...

O Tempo, sutilmente varre as coisas inúteis,
O Sol, aquece as úteis,
Eu, procuro-as, a ambas, sutilmente,
Humanamente.

Quando cai a chuva,
Apesar de austera,
Observo-a, e sinto nela uma certa ternura,
Singela,
Sincera.

E olho-me, procuro-me,
Vejo-me, sinto-me.
Mas não acho-te...
No caminho perco-me, acho-me
Olho-me...

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Sonhos




Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo
Me absorvendo
E de repente
Eu me vi assim completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não há caminho
Eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia...

Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho
Mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar...

Quando a canção se fez mais clara
E mais sentida
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
Você veio me falar dessa paixão inesperada
Por outra pessoa

Mas não tem revolta, não
Só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Eu tenho, sim...

Não tem desespero, não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia

Certamente eu vou ser mais feliz...

(Peninha)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Hoje

Hoje a chuva molha meus campos vazios
E minha solidão transborda.
Me vejo distante...

Em meio a um oceano apavorante,
Afogo a cada braçada que dou rumo ao nada,
E a errância é minha amante...
Não sinto mais,
Hoje, as horas têm-me passado como páginas do jornal de ontem.

Neste universo incolor
Meus gritos de ajuda são mudos,
E todos os ouvidos surdos...
Meus gestos desesperados apenas vergam,
Desconhecidos...

Resta-me somente o sono,
Meu infinito.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Pensar...pode matar

Como ser feliz verdadeiramente, e diluir todo o mundo nesse doce sentimento que alimenta o espírito.

Se por cada vida que começa outra acaba; Se por cada beijo há uma faca; Se por cada sorriso há mil lágrimas;

Porque para haver sorte tem de haver azar; Porque para haver riso tem de haver o chorar; porque há sempre alguém em pior condição !

A felicidade que queremos só para nós, é forjada a sangue ao som dos gemidos de dôr de uma gente sem rosto, que para nós são pálidas imagens, telas sem côr que depois de esquecidas amontoamos em cacos e queimamos para nos aquecer, felizes...

Porque é bom esquecer !
Porque é preciso sonhar !
Porque é preciso fugir !
Porque é mau pensar !

Porque quem semeia ventos, colhe sempre tempestade; Porque o que os olhos não vêem o coração não sente; Porque não sabemos dos outros; Porque não queremos saber dos outros (!), para enfim, podermos ser felizes...

Mas...
como não sentir a doçura quente de um beijo como uma avassaladora onda de prazer, harmoniosa melodia, felicidade...transbordante...EGOISTA ! Como não sentir o sabor do Mar, a côr do Céu, o calor telúrico como uma felicidade abrasante que alastra a todo o que somos ?

Porque é bom moldarmos o sonho a tudo aquilo que é nosso, e para nós ... e evitar a todo o custo que o casco côr-de-rosa do sonho em que flutuamos embata dolorosamente no ácido e dilacerante rochedo da Realidade.
Porque é bom escolhermos o que queremos ver... e é táo mau pensar.


Porque arde,
Porque dói,
Porque Mata !

Pensamentos

« Não é a satisfação da vontade que causa o prazer, mas é o facto de que a vontade quer ir mais longe e tornar-se senhora do que se encontra sobre o seu caminho. O sentimento de prazer reside precisamente na insatisfação da vontade, na incapacidade da vontade para se satisfazer sem adversário e resistência.»

F. Nietzsche