domingo, 19 de outubro de 2008

Náufrago

Por entre meus mares,
Minha Alta Vela surge
Num navegar embalado
De mim mesmo.

Cruza e conheçe minha Nau
Meus monstros entorpecidos,
Minhas cavernas rochosas,
E meus abismos indefinidos.

E navega ainda
Por entre minhas mais distantes ilhas...
Inóspitas,
Desconhecidas.

Mas minha Nau espera agora ancorada,
Por apenas um lúcido sinal meu,
De vida, de humanidade...
De saudade.

Também sou um náufrago de mim mesmo
Esquecido em uma ilha minha qualquer,
Cercado por eternas barreiras de corais,
E a sonhar, constantemente, com as grandes
Caravelas Existenciais.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cruzadas

Meu lugar é pelos Castelos Medievais,
A cruzar as vielas ancestrais.
Não pertenço a este lugar agora,
Neste momento, sinto-me a transcender a hora.

Trespassei onde nasci,
Onde chorei,
E onde sorri.

E percebi, que a Aurora que vejo, não mais me alcança.
Aquele nascer não mais me acalma,
Sequer alivia a dor da alma,
E apenas o crepúsculo é um ensaio meu de esperança.

E mesmo assim, uma esperança triste,
Pois não pode ser esperança,
Não para mim, apesar de ser.
Não posso agora ofuscar, esperar, agonizar...
Ou mesmo sonhar.

O desejo é imediato
Amanhã já não existe,
A chama da vela arde agora.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

XXI

Às vezes minhas palavras são escuras,
Saem de mim numa forma turva,
forçadas pelo querer
não naturais, apenas por escrever.

Questiono-as...
São de fato minhas?
Ou são do mundo crias?

Tudo ao meu redor é-me estranho,
não me pertence...
Veneno de serpente.

Veneno que me cega, que me influencia.
Não lhe sou imune,
Quem o é?
Vejo-me constantemente contaminado...
E deliro embriagado, indignado por não conseguir ser.

No fundo sei que nada é meu, nada.
Por isso minhas risadas aliviadas
E amarguradas...
Contaminadas?

Sou no mundo um momento,
Resitência em movimento.

domingo, 5 de outubro de 2008