sábado, 14 de março de 2009

Sonhador

Começava a ficar escuro, já não se via o sol, era crepúsculo. Enquanto desabava toda aquela chuva, ele estava lá, à minha espera, sozinho em meio a um descampado, firme, convicto, resoluto. Não pestanejava com os clarões dos raios ou mesmo com os estrondos dos trovões... eu senti. Fui ao seu encontro, a cada passo que dava em sua direção, mais forte caia a chuva, mais perto caiam os raios e mais ensurdecedores eram os sons dos trovões. Somente senti pânico, estremeci por completo, e a cada trovoada quase que gritava de pavor, queria gritar, não conseguia, apenas tremia. O ambiente era amedrontrador. Os fortes clarões dos raios serviam apenas para ver melhor a extensão do meu medo, a olhar-me nos olhos. Ele sequer manifestava-se, sequer tentava, não precisava, estava claro. Estávamos frente a frente, olhei-o em seus olhos; fundos, sombrios...inanimados, não havia qualquer tipo de expressão em sua face, estava muda. Não lhe disse nada, não consegui...minha garganta estava tão seca que sentia dificuldade para engolir o que restava do meu orgulho...virei-lhe as costas e corri, corri como nunca, corri para sempre...e chorava, gritava, e corria mais. Sem saber para onde, sem saber o por que, naquele momento apenas corria, levava o tempo comigo. Acordei.

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