segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mergulho

Dá-me ar ! Aperta-me em ti e beija-me a testa. Aquece-me os pés gélidos com cobertores de lã e deixa-me aninhar no teu refúgio. Passa-me a mão pelo cabelo e sopra-me ao ouvido a voz quente de canela e mel. Deixa que o meu corpo moribundo da guerra chore no teu ombro nú. Lambe-me as feridas mortais que visto, cura-as com o beijo de Mãe. Estanca a hemorragia de Ser, ferida aberta que trago em mim. Sopra suavemente sobre os meus fantasmas e diz-me até me convencer, que não voltarão mais, de rostos mudos e olhos negros de julgar. Aquece-me de novo, tenho frio. Deita-te a meu lado, deita-te em mim. Fundidos no tempo, aquecidos em nós. Cantemos as nossas canções tristes e os fardos que carregamos, ensanguentados.Escrevamos novos contos com tintas de côr e flôres de cheiro, contos sem final, sem moral... Mergulha-me nos teus olhos e diz-me sem falar. Deixa que te abrace os medos e ilumine os túneis escuros que encerras para ti. Dá-me ar! Respiremos em uníssono, abraçados, compassados, ao ritmo do pulsar do coração.

13 comentários:

Maria disse...

Só esse abraço nos conforta, agora que "nimguém é quem queria ser"

Beijo

Vidal disse...

Num tempo em que "ninguém é quem queria ser" resta-nos a nós, pobres sonhadores ingénuos, a ilusão de tentar ser quem queremos. Mesmo que nunca o cheguemos a ser, teremos sempre o sabor da tentativa.

Beijo, Mary Poppins

Maria disse...

Mas... quem queremos ser afinal? Será que o problema é o verbo "querer"? Afinal... onde está o modelo? ... perguntas perguntas..

Vidal disse...

De facto, o verbo "querer" é perigoso, ou n fosse o querer um dos mais antigos dilemas do homem, a velha questão do querer e do poder. Queremos sempre o que não temos ou ser o que não somos. Mas se fòssemos o que queriamos ser o que nos restava querer, o que é nos motivava, o que nos faria evoluir? Existenciazinha chata essa da satisfação, não te parece ? Por outro lado, nós somos também fruto do mundo em que vivemos e se vivemos num mundo que não queríamos exactamente assim, como é que alguém pode ser quem queria ??

Dúvidas existenciais para um verdadeiro Dr. Phill..

Maria disse...

Pois é, parece-me que o verbo querer é muito perigoso, nestes tempos tento a reconciliação com o verbo "aceitar", porque é preciso muita luta para aceitar quem somos, queria ver se começo a tempo. Acho mesmo que se não tivessemos este pequeno senão da "realidade das coisas" todos escolhiamos o mesmo não achas? Todos muito bonitos, muito inteligentes, mt engraçados, mt dinâmicos e destemidos, mt amados... era grotesco ao género de um interminável anúncio televisivo.

Vidal disse...

Sem dúvida, seríamos uma mancha cinzenta de perfeição, monótona e inodora, arrastando-se penosamente até ao cair do pano. Pensando bem, e mesmo aceitando aquilo que somos com tudo o que isso implica, limites e falhas, vejo o não sermos quem queriamos ser como a cenoura na velha analogia do burro. O burro por si só n andaria em frente, mas tendo um pau espetado nas costas com a cenoura á frente dos seus olhos, mesmo nunca chegando de facto á desejada cenoura, o burro anda em frente e nakele momento deixa de ser apenas um burro. É assim ke vejo a distancia entre o que queremos ser e o que realmente somos, ou seja~, como disseste e bem se fossemos mesmo quem queríamos ser, seríamos preguiçosos e infelizes certamente. A resignação é o suícidio permanente...

Maria disse...

Tens razão quando afirmas que parar é morrer. O que eu acho, é que a questão tem dois lados; existe o que eu quero para mim, o que quero ser para me sentir bem comigo (e aí acho o verbo aceitar é absolutamente crucial para ser feliz) e o que quero para a vida, e aqui concordo, sem dúvida que precisamos de um objecto sempre, para avançar mais. Diria não uma, mas um horizonte de cenouras à nossa frente. Acho mesmo que não consegues realizar uma obra com o teu potencial se não tiveres resolvido o primeiro problema, se não te aceitares... não há verdade na obra.

Vidal disse...

De acordo Joel, de acordo... Considero é essa linha que separa o querer para mim e o querer para a vida perigosamnete ténue, com o risco de cairmos erradamente no vazio de nós, nos tais fantasmas e o pior não é que eles existam é que sejam criados por nós. É fácil confundir os 2 conceitos e os tempos que correm são sinal disso mesmo, habitados por um mar de gente vazia e ruídosamente só...

Maria disse...

Sem dúvida... por isso também é que é tudo tão dificil. Mas temos pequenos momentos de glória... quando afirmo "não sou quem queria ser" talvez já esteja a ser um pouco como queria ser.

Vidal disse...

Ora aí está, chegaste lá, ao cerne, ao busílis da questão, é um pouco como a afirmação falaciosa do "Só sei que nada sei", contempla em si mesma uma ideia maior. Gostei deste esgrimir de ideias. Marcamos encontro numa outra janela num dia destes...
Beijito Mary

Anónimo disse...

Recomendo, para que a discussão não termine, e porque me parece apropriado, a leitura da trilogia de Camus sobre o Absurdo, ‘O Estrangeiro’, (romance) ‘Calígula’ (teatro) e ‘O Mito de Sísifo’ (ensaio) e ainda ‘O Homem Revoltado’. Recomendo, aliás, a leitura de todos os existencialistas, de Sartre a Beauvoir, entre nós Raul Brandão ou Virgílio Ferreira, o próprio Pessoa, em certos escritos.

"(...) Diante do nada, pergunto, perguntas, perguntam, se o que se chama honra e o que se chama consciência e o que se chama dever têm forças para se me impôr." Raul Brandão, Húmus.

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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